9.6.07

Produzindo um jornal


O jornal que os os alunos fizeram para presentear a autora. Marta Lagarta fez questão de ler tudinho!!!!
Tinha de tudo: coluna de fofocas, anúncios, reportagens, entrevistas... Sendo que o único assunto era a visita ao Salão e o livro "O baú do tatu".

Mais uma vez no Salão do Livro!


Nossos alunos com Marta Lagarta e Simone Matias, autora e ilustradora do livro "O baú do tatu".

Diário de passeio ao Salão do Livro Infantil e Juvenil 2007


Rio de Janeiro, 2 de junho de 2007.

Para quem quiser ler:

Bem, tudo estava meio atrasado naquele dia, mas eu pude sair mais cedo e consegui chegar na hora. No entanto, a vida é meio cheia de percalços mesmo, mas naquela sexta-feira, dia primeiro de junho, eles estavam meio que se multiplicando. Um monte de criança atrasada, Tio Tage ainda recolhendo seu pimpolhos, gente que esqueceu a mochila, lanche sendo distribuído... tínhamos tudo para fazer um (passeio?) pra lá de estressante. Ao entrar na van, câmera em punho, fomos fotografando página por página do jornal confeccionado pelos alunos para presentear a autora. Que medo de perder um trabalho de quinze dias...outras pessoas precisavam ver... Aproveitamos para embrulhar junto o áudio-livro, no qual os alunos narravam a história. Era mais um presente.
No meio do caminho, o motorista descobriu o inacreditável: estava indo ao local errado. “Mas como Casa do Livro? Nós vamos ao Salão do Livro, é no Museu de Arte Mo-der-na!!!!!” Já estávamos parados em frente à tal “Casa do Livro”, que nem sequer tínhamos ouvido falar antes, depois de inúmeras tentativas de intervir no itinerário do ilustre senhor, convicto de iríamos para a “Casa do Livro”. Voltando ao caminho certo, chegamos atrasados, mas a tempo. Na porta, nossa ex-fã, organizadora do evento, teimou em nos dizer que não estávamos na lista, que o e-mail não chegou... mas quem seríamos nós sem a tal da persistência? Lá foi a tia Leila discutir com a distinta criatura. Entramos, apesar dos entraves. Atrasados.
O Espaço de Leitura onde encontraríamos com a autora do livro “O baú do tatu”, Marta Lagarta, estava completamente lotado. Depois de escapar de todos os pedidos incessantes para que deixássemos o local, instalamos os alunos no corredor mesmo. Apesar de contarmos como o trabalho foi realizado, ninguém nos dava muita atenção. Não fomos nós, os profissionais da escola, que conquistaram um lugar naquele ambiente, já tão apertado. Foram nossos alunos. De mansinho, foram se chegando, perguntando, recitando, opinando, foram se achegando e ficaram, tomaram conta do pedaço. Não foi necessário que disséssemos mais nada, o que foi preciso contar eles contaram, o que foi preciso mostrar eles mostraram, o que foi preciso encantar eles encantaram. E só. Marta Vieira Lagarta fez questão de ler o jornal inteirinho, timtim por timtim ao lado da ilustradora do livro, Simone Matias. E ficou emocionada ao contar a história e vê-la repetida em coro, pelas crianças. Apresentou seu filho, para quem ela escreveu o livro, e outros amigos que inspiraram alguns personagens.
Neste meio tempo apareceu lá o fotógrafo oficial do evento, que, avisado dias antes pela grande ilustradora e escritora Mariana Massarani, estava à nossa procura pelo Salão, buscando que a mágica descrita por Mariana se repetisse para que ele pudesse registrar e espalhar aos quatro ventos que escola era essa, que trabalho era esse, que momento especial era esse. (Só relembrando: no ano passado, ganhamos um acervo de livros da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -FNLIJ, promotora do evento- por conta dos relatos que as professoras fizeram sobre nossa preparação para a visita trabalhando com os livros da Mariana Massarani, que, de tão encantada, fez questão de fotografar os alunos e publicar as fotos no seu blog).
Estas coisas mágicas, meus amigos, só acontecem assim, quando a gente é criança ou está com alma de criança. Nem que seja por um tempo, nem que seja por um instantezinho só. Se você quiser ver mais, espere o ano que vem. Ou compareça ao nosso próximo evento. Com certeza, vai ter mágica no ar...

Beijinhos,
Fabiana Esteves
Coordenadora pedagógica

19.2.07

Comoção com a morte de João Hélio

No dia 10 de fevereiro de 2007 o trabalho do Jardim Escola Tia Leila saiu estampado na primeira página do Jornal do Brasil. Motivo: Os alunos, comovidos com a morte do menino João Hélio, escreveram cartas para consolar sua mãe. Segue abaixo a matéria publicada:

Iraque ou inferno: sugestões infantis

Marcelle Justo e Renato Grandelle

A crueldade dos bandidos que mataram João Hélio abalou também a rotina de crianças, que não têm idéia do que significa tráfico, fuzil e, muito menos, segurança pública. No Jardim Escola Tia Leila, em Quintino, a tragédia virou o único assunto das turmas. Na dinâmica diária, criada pela equipe de pedagogia da instituição para debater notícias de jornal, os alunos só tinham uma idéia: consolar a família do garoto.
- Com a opinião deles, as professoras escrevem textos. Hoje (ontem), os alunos optaram por este tema. Eles se identificaram com o fato, por estarem próximos do local do assalto. Alguns moram naquela rua. Todas as outras reportagens perderam o sentido - explicou a coordenadora, Fabiana Esteves.
Além dos textos, a equipe de professores sugeriu que os alunos opinassem sobre penas para os culpados. Por sugestão de crianças de até 10 anos, quatro destinos foram traçados para os acusados: ir para o Iraque, passear no inferno com um carro roubado, sofrer como João e ficar na prisão por toda a vida. Segundo a coordenadora, alguns sugeriram até a pena de morte.
Entre as cartas, os meninos relataram com detalhes a violência sofrida por João Hélio e, principalmente, tentavam mandar mensagens positivas para Rosa Cristina, mãe da vítima. No debate, eles lembraram que ela deveria ser forte para criar Aline, 13 anos, irmã do menino.
Para outros, as palavras não foram suficientes. Eles prepararam desenhos para presentear Rosa. Em um deles, João aparece de bicicleta - uma das atividades prediletas do garoto.

29.11.06

RELATO

Resolvemos relatar este projeto dirigindo-se à autora na qual pautamos o nosso planejamento de visita ao Salão do Livro, pois ficamos entusiasmadas com seu envolvimento e incentivo ao nosso trabalho.
As professoras.

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2006.
Mariana Massarani,
Meu nome é Bianca Macedo, professora da turma de alfabetização do Jardim Escola Tia Leila, e é uma grande satisfação escrever para você para contar um pouquinho do trabalho desenvolvido com seus livros “ Marieta Raimunda da Selva Amazônica da Silva e Souza” e “Leo, o todo poderoso capitão astronauta da cidade de Leox”.
O ponto de partida foi fazer a leitura prévia e minuciosa das obras. Prestei bastante atenção nos detalhes presentes tanto na sua escrita quanto nas ilustrações.
Em seguida, listei algumas possibilidades de atividades e de conteúdos a serem trabalhados de acordo com a série. E não forma poucas as estratégias. A interdisciplinaridade esteve presente todo o tempo em em minha proposta de trabalho.
Já em sala de aula... foi fantástico! Os olhinhos atentos expressavam curiosidade e inquietação: a história estava prestes a começar... Ao ouvirem o título os alunos ficaram espantados com o tamanho do nome. “O nome dela é do tamanho de um trem” foi o comentário do aluno Jean. “É igual ao nome da Anna Carolina”, complementou Nathan. As risadas foram inevitáveis. A cada virada de página, a turma ia se envolvendo com a história, opinando e criticando os acontecimentos.
Eunice :“ Eu achei errado ele pegar o brinquedo da irmã”.
Letícia: “ A Marieta é muito legal, ela tem que brincar com os brinquedos dela e ele não pode mexer”.
Marcelle: “Ele tem que pedir emprestado para ela e não pegar”.
Chegando ao final da narrativa, vibraram com a personagem principal, que conseguiu finalmente resgatar seu elefante Lino. A próxima atividade foi escrever sobre o que acharam da história, o que fizeram acompanhando o trabalho de lindos desenhos.
No dia seguinte a expectativa também era grande em conhecer a história do Leo. Os meninos acharam o máximo a construção feita pelo personagem com seus 110 carrinhos. “Ele tem um monte de carrinhos!” – disse Raphael.
Logo depois, conversamos sobre os dois livros e fizemos um gráfico para descobrir qual seria o preferido da turma. Para minha surpresa, até os meninos identificaram-se mais com a Marieta. Juan justificou sua escolha: “ Eu gostei mais da história da Marieta porque ela teve um plano infalível, ela é muito esperta”.
O trabalho prosseguiu durante a semana. As atividades eram realizadas cercadas de muita motivação e interesse.
Em Português, leram e interpretaram trechos dos textos de seus livros para que pudessem assumir o papel de ilustradores, tarefa que você realiza com maestria. Também analisaram os fatos e descreveram os personagens. “O Lino é o elefante da Marieta. Ele é de brinquedo e ela adora brincar com ele” – escreveu Ana Caroline.
Também recontaram a história em versos, coletivamente:
“ Marieta é uma menina
Que adora brincar.
De coroa na cabeça,
Uma princesa ela será. (...)”
Em Matemática, construíram e interpretaram gráficos, suas legendas e símbolos. “A Marieta ganhou porque ela tem mais quadradinhos pintados, ela foi a mais votada” – analisaram os alunos. “ A diferença de votos da Marieta para o Leo foi de 8 votos” , complementaram eles.
Em Ciências, relembraram, através da aventura do Leo, os planetas. “Nós moramos no planeta Terra e os monstros verde e vermelho são de outro planeta”, disse Nathan.
Já na área das Ciências Sociais, os livros propiciaram a discussão sobre o papel dos membros da família. Puderam refletir e comparar a vivência da familiar da narrativa com a sua. Marcelle desabafou: “ A minha mãe também vai trabalhar, o meu pai morreu... Eu fico com a minha avó brincando com minhas bonecas” .
Os valores também entraram na pauta de discussão. Os alunos opinaram sobre o comportamento das personagens principais, questionando o que pensavam ser atitudes corretas ou não.
Raphael: “ O Leo é irmão dela, mas foi errado ele pegar os brinquedos dela, ela estava brincando primeiro
Sarah: “Bem feito para o Leo, a Marieta destruiu a cidade dele, quem mandou pegar o brinquedo dela?”
Também puderam conhecer as profissões de autor e ilustrador, suas particularidades, dificuldades e processos de criação, pois elaboraram perguntas para realizar uma entrevista com você no dia da visita ao evento.
O passeio foi ótimo. acredito que as crianças estavam felizes e emocionadas tanto quanto você ficou ao receber os trabalhos e ao vê-los caracterizados como os personagens dos seus livros. Esta foi a minha impressão. Bom , eles adoraram confeccionar as coroas da Marieta e as máscaras do Leo.
No caminho de volta para casa, pude observar que eles estavam, cansados, mas também recompensados. Comentaram sobre os livros que compraram e que ganharam e também da entrevista com você.
O trabalho posterior ao evento prosseguiu com análise do canhoto do ingresso, confecção de dobraduras e brinquedos com sucata e produção de textos, que culminou com a escrita coletiva de um e-mail para você, que já deve ter lido.
Bom, Mariana, termino esta carta agradecendo-lhe pela atenção carinhosa com os alunos e com todo o pessoal da escola. Seu trabalho é primoroso e especial, consegue envolvê-las com seus textos e ilustrações.
Ah, eles já conheceram seu novo livro ” Banho!” , lançado no evento, nova aquisição da biblioteca da escola. Fizeram questão de ler. É por estas e outras razões que espero que você continue criando outras obras interessantes como essas, expressando autenticidade e sensibilidade, para que eu e todos da escola possamos nos deleitar e, quem sabe, encontrá-la novamente para mais uma troca feliz.
Um abraço,
Bianca Oliveira.